Charles Bukowski
Lisboa que amanhece
Por
André Fernandes
há algo de belo
no pavimento,
nas passadeiras,
nas beatas no chão.
há algo de belo
nas paredes pintadas,
pelo litoral imaculado
da cidade-natal.
há algo de belo em acordar
na Lisboa que amanhece,
e perseguir as ruas,
em jeito de Carlos e Egas
à procura de algo mais,
a seguir o eléctrico
para não nos perdermos.
Mas se assim for, assim será,
pois a cidade amanhece
& sussurra memórias da idade,
e eu oiço-a
e os ecos na minha alma,
eles florescem.
Uma vez passei por uma cidade populosa
«Uma vez passei por uma cidade populosa, imprimindo o meu cérebro, para uso
futuro, com os seus espetáculos, arquitetura, costumes, tradições;
Contudo agora, de toda essa cidade, apenas me lembro de uma mulher que conheci casualmente
por lá, que me deteve com o seu amor por mim,
Dia após dia e noite após noite nós estivemos juntos - tudo mais há muito
que foi esquecido por mim;
Eu lembro-me, eu digo, apenas aquela mulher que se agarrou apaixonada a mim,
De novo passeamos - nos amamos - nos separamos,
De novo ela segura-me a mão - não devo partir!
Vejo-a perto de mim com lábios silenciosos, tristes e trémulos.»
Poema de Walt Whitman
Tradução livre